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NATÁLIA: UMA TENTATIVA DE ESCAPAR DO ONTEM, UM DIÁRIO PARA O ESQUECIMENTO?

Atualizado: 25 de set. de 2023

Este estudo tem por foco o romance Natália, de Helder Macedo, espécie de compêndio psicanalítico e literário, que favorece a opção teórica de uma leitura memorialística. A obra é-nos narrada pela personagem homônima ao título do livro, em forma de diário íntimo, no ínterim 2000 a 2003, tratando-se de um treino de escrita, já que se trata de um possível romance que ela própria, Natália, pudesse um dia vir a escrever, porém que, no nível do narrado, nunca se concretiza. Em Natália, a coisa não está escondida no diário, ela é o próprio diário, tratando-se este de uma falsa atividade, ou seja, a narradora não age somente para mudar alguma coisa, ela age para impedir que alguma coisa aconteça, de modo que nada venha a mudar. Nesse sentido, materializa no artefato diário a verdade de sua postura paranoica: ela é a trama destrutiva contra a qual está lutando, residindo todo esse logro em nossa incapacidade de incluir na lista de suspeitos a ideia de desconfiança. Isso porque não devemos esquecer de incluir no conteúdo de um ato de comunicação o próprio ato, já que seu significado é também afirmar reflexivamente que ele é um ato de comunicação.





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